Perante o ritmo de vacinação que é inferior à propagação da covid-19, o PSD defende uma estratégia que passe pela testagem massiva da população, nomeadamente dos “profissionais cuja atividade obrigue ao contacto permanente com o público”. O grupo parlamentar do PSD requereu também a audição urgente da Comissão Técnica de Vacinação para perceber como está a decorrer o plano de vacinação.
Num projeto de resolução que deu entrada no Parlamento, o PSD sublinha que há “profissionais que, pela natureza das suas funções, estão sujeitos a um maior risco de contágio e, naturalmente, de serem hospedeiros e transmissores do mesmo para terceiros”. Entre esses profissionais estão os operadores de fábricas e trabalhadores da construção civil, os operadores de supermercado ou de estações de serviço, os condutores de transportes públicos ou “prestadores de serviços públicos presenciais que, durante a pandemia, nunca pararam, os trabalhadores de comércio, restauração, ginásios, monumentos e todos as atividades que estão e vão ser reativadas nas diferentes fases de desconfinamento”.
O grupo parlamentar do PSD entende que é necessário “garantir que o desconfinamento é realizado com eficácia máxima, de forma a não ser necessário voltar a travar a fundo a economia e a encerrar o País". “Tal eficácia depende, não só de um elevado número de testes, como do consequente rastreio em tempo útil (nas 24 horas seguintes) de todos os contactos de alto, médio e baixo risco dos casos positivos, de forma a identificar toda a cadeia de transmissão e isolá-la, impedindo a sua propagação”.
No dia 10 de fevereiro, a ministra da Saúde anunciou a intenção de iniciar a testagem massiva da população, mas, dois meses depois, “essa testagem massiva ainda não aconteceu, nem na comunidade geral nem em grupos concretos identificados”.
“Se, no pico da pandemia, Portugal chegou a realizar mais de 65 mil testes por dia, e foi sempre dito que teria condições para testar mais, após o desconfinamento, entre o final de março e a primeira semana de abril, o número de testes caiu a pique para entre 12 e 20 mil pessoas por dia, somando testes PCR e antigénio”, observa o PSD.
No dia 6 de abril (último dia de que há registos comparáveis com os restantes países europeus a referir), Portugal registava uma média dos últimos sete dias de 3.03 testes por cada mil habitantes, quando a Itália registava 4.41 testes, a Bélgica, 4.25 testes por cada mil habitantes e o Reino Unido, no topo da lista, realizava mais de 12.3 testes por cada mil habitantes por dia (apesar de estar a atingir a imunidade de grupo).
Finalmente, e para proceder ao acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia e do processo de recuperação económico-social, o PSD solicitou, através de um requerimento, a audição urgente da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 no Parlamento.
Em concreto, o PSD pretende que sejam prestados esclarecimentos sobre eventuais atualizações do plano de vacinação. “O Plano de Vacinação contra a covid-19 entrou, esta semana, na 2.ª fase de vacinação e os critérios de prioridade terão sofrido atualizações, de acordo com o que tem vindo a ser comunicado na imprensa. Contudo, não consta de nenhuma norma da Direção-Geral de Saúde (DGS) qualquer referência a novos critérios, novas prioridades ou sequer alteração de patologias consideradas prioritárias”, justificam os deputados do PSD.
O PSD recomenda ao Governo que:
1. Proceda à testagem massiva prioritária de todos os profissionais não vacinados e cuja atividade os obrigue a contacto permanente com o público, e que dê o eficaz seguimento aos casos positivos, identificando e isolando, de forma a travar as suas cadeias de transmissão;
2. Concretize um plano de testagem que preveja a recorrência periódica de testagem dos grupos profissionais incluídos na previsão do número anterior.