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O PSD mostrou-se esperançado, no final da reunião desta terça-feira no Infarmed, em Lisboa, que o Governo venha a seguir os conselhos dos especialistas relativamente à mudança da matriz de risco, muito em linha com a proposta feita pelos social-democratas há várias semanas, e assim “criar condições para que a economia possa reajustar-se e abrir-se de uma forma segura”.
“Depois de semanas de discussão em torno da necessidade de rever a matriz de risco, ou seja aquilo que são os indicadores que as autoridades de saúde utilizam para determinar as medidas mais ou menos restritivas que afetam inevitavelmente a vida de todos nós, da sociedade e da economia, finalmente há o reconhecimento da parte dos especialistas de que não podemos continuar a responder à pandemia em julho de 2021 como respondíamos em março de 2020”, afirmou Ricardo Baptista Leite, em declarações no Parlamento.
O vice-presidente da bancada parlamentar do PSD disse esperar que “as recomendações dos especialistas sejam refletidas imediatamente no Conselho de Ministros, o mais depressa possível e em articulação com os vários setores da economia – que até hoje são sempre informados na noite a seguir ao Conselho de Ministros, poucas horas antes da implementação das medidas, o que os deixa numa situação particularmente difícil.”
Ricardo Baptista Leite realçou que há “um verão inteiro pela frente e há ainda alguma esperança por parte de vários setores da economia de poderem sobreviver a um ano e meio tão difícil para todos aqueles que trabalham diariamente perante a adversidade desta pandemia”.
Vacinação de crianças dos 12 aos 16 anos: DGS tem que esclarecer
O médico e deputado social-democrata reforçou a mensagem que “as vacinas estão a salvar vidas” e apelou a todos os que já estão abrangidos pelo plano de vacinação a que se vacinem “o mais depressa possível”.
Sobre a vacinação de crianças, Ricardo Baptista Leite transmitiu que a posição da Direção-Geral da Saúde (DGS) é a de que não existe, neste momento, ensaios científicos que comprovem que as vacinas possam ser administradas a crianças abaixo dos 12 anos. Já entre os 16 e os 18 anos, “as vacinas já estão mais do que validadas e essa vacinação irá decorrer no início de setembro, de acordo com o vice-almirante Gouveia e Melo”, informou o deputado.
Relativamente à faixa entre os 12 e os 16 anos, o PSD entende que é necessário um esclarecimento e uma campanha clara por parte das autoridades de saúde para tranquilizar os pais caso se decida pela vacinação desse grupo, lembrando que em setembro se iniciam as atividades escolares e “que as crianças são também um vetor de transmissão na sua convivência com familiares, amigos e com a comunidade”.
“O que não pode acontecer é dizer que se vai avançar nessa vacinação sem tranquilizar os pais que neste momento vivem com dúvidas importantes nessa matéria”, sublinhou.
Paralelamente ao avanço da vacinação, Ricardo Baptista Leite realçou também a importância da sequenciação de variantes ou sequenciação genómica, que permite identificar e travar novas variantes que possam surgir. “Todos os esforços devem ser feitos para garantir que, enquanto aceleramos na vacinação, não abrandamos no campo da testagem e da sequenciação genómica”, defendeu, ao mesmo tempo que criticou a falta de financiamento às universidades que ajudavam o Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA) nessa tarefa.
Finalmente, o PSD volta a chamar a atenção do Governo para a vacinação contra a gripe, refletindo as preocupações dos especialistas nesta matéria. Referindo-se ao risco de “um surto de gripe de grande dimensão” no próximo inverno, Baptista Leite afirmou a necessidade de reforçar o plano de vacinação para a gripe, “eventualmente alargando para grupos populacionais que habitualmente não são abrangidas”, como as crianças.
“Da parte do Governo não há clareza sobre esta matéria. O Governo tem que dizer quantas vacinas da gripe vamos ter, quais os grupos populacionais que vão ser abrangidos, pois estamos praticamente a dois meses do período de vacinação da época gripal”, alertou o deputado do PSD.