O Grupo Parlamentar do PSD entregou um projeto de resolução em que recomenda ao Governo a testagem massiva, recorrente e prioritária dos profissionais cuja atividade obrigue a contacto permanente com o público.
O PSD considera que é necessário “garantir que o desconfinamento é realizado com eficácia máxima, de forma a não ser necessário voltar a travar a fundo a economia e a “encerrar” o país. Tal eficácia depende, não só de um elevado número de testes, como do consequente rastreio em tempo útil (nas 24 horas seguintes) de todos os contactos de alto, médio e baixo risco dos casos positivos, de forma a identificar toda a cadeia de transmissão e isolá-la, impedindo a sua propagação” e acrescenta que “apesar de na mensagem política associada ao desconfinamento ter sido demonstrada sempre a consciência da importância da testagem massiva, os números efetivos dos testes realizados não confirmam essa consciência. Se, no pico da pandemia, Portugal chegou a realizar mais de 65 mil testes por dia, e foi sempre dito que teria condições para testar mais, após o desconfinamento, entre o final de março e a primeira semana de abril, o número de testes caiu a pique para entre 12 a 20 mil pessoas por dia, somando testes PCR e antigénio”.
A 10 de fevereiro, a ministra da Saúde anunciou a intenção de iniciar a testagem massiva da população, mas, dois meses depois, “essa testagem massiva ainda não aconteceu, nem na comunidade geral nem em grupos concretos identificados”.
No dia 6 de abril (último dia de que há registos comparáveis com os restantes países europeus a referir), Portugal registava uma média dos últimos sete dias de 3.03 testes por cada mil habitantes, quando a Itália registava 4.41 testes, a Bélgica, 4.25 testes por cada mil habitantes e o Reino Unido, no topo da lista, realizava mais de 12.3 testes por cada mil habitantes por dia (apesar de estar a atingir a imunidade de grupo). O Grupo Parlamentar do PSD considera que “esta realidade, que será mascarada nos próximos dias pelos números da testagem da comunidade educativa, traduz um relaxamento do Estado em relação a uma daquelas que devem ser as suas duas grandes preocupações neste momento: testar (eficazmente) e vacinar. De notar que o simples aumento do número de testes não representa um comportamento mais responsável ou um maior combate à propagação do vírus. Se a ação posterior à identificação dos casos positivos não for consequente e em tempo útil, os testes resultam inúteis. Contudo, números baixos de testagem traduzem diretamente números baixos de casos identificados e, por isso, fraco controlo da propagação, o que compromete gravemente a estratégia de desconfinamento em conformidade com a proteção da Saúde Pública”, referem.
“Existem profissionais que, pela natureza das suas funções, estão sujeitos a um maior risco de contágio e, naturalmente, de serem hospedeiros e transmissores do mesmo para terceiros. Este é o caso, para além dos operadores de fábricas e trabalhadores da construção civil, dos operadores de supermercado ou de estações de serviço, condutores de transportes públicos ou prestadores de serviços públicos presenciais que, durante a pandemia, nunca pararam; como também é o caso dos trabalhadores de comércio, restauração, ginásios, monumentos e todos as atividades que estão e vão ser reativadas nas diferentes fases de desconfinamento”, concluem.
O PSD recomenda ao Governo que:
1. Proceda à testagem massiva prioritária de todos os profissionais não vacinados e cuja atividade os obrigue a contacto permanente com o público, e que dê o eficaz seguimento aos casos positivos, identificando e isolando, de forma a travar as suas cadeias de transmissão;
2. Concretize um plano de testagem que preveja a recorrência periódica de testagem dos grupos profissionais incluídos na previsão do número anterior.