O Presidente do PSD defende que a solução para travar o crescimento dos extremismos políticos não reside em impor “absurdos cordões sanitários”, mas através do “rasgo de fazer diferente”, de reformar “sem cobardia nem hipocrisia”, isto é, de fazer “as reformas estruturais que o desenvolvimento do País reclama”.
“Se queremos um Portugal virado para o futuro, que não se atrasa cada vez mais na escala europeia e que não quer continuar a ver os seus jovens a emigrar, então teremos de ter o rasgo de fazer diferente, atuando coerentemente sobre as verdadeiras causas do nosso problema”, afirmou Rui Rio, na sessão solene do 48.º aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974, esta segunda-feira, no Parlamento.
Rui Rio entende que o discurso do 25 de Abril deve ser um momento de autocrítica e não apenas de “afirmações laudatórias”. Nesse sentido, e tal como tem insistido, Rui Rio lembra que numa “sociedade que muda a uma velocidade nunca antes sentida pela humanidade, a necessidade de reformar o que ainda há pouco se reformou, é uma evidência com que temos vivido e com que vamos ter de viver cada vez mais intensamente”.
Rui Rio elencou algumas das reformas necessárias para desenvolver o futuro do país: a alteração do sistema eleitoral; a revisão constitucional; a reforma da Justiça; a descentralização; a lei dos partidos políticos e a sua lógica de funcionamento e até uma reforma do Estado que “fomente a qualidade e a produtividade dos serviços públicos e permita a redução dos impostos”.
“Mas também uma atitude política de firme combate à corrupção e fundamentalmente ao tráfico de influências, de real autonomia face à atual lógica de funcionamento da comunicação social, de renuncia à política-espetáculo e de reforço da verdade e da competência, de coragem para se ser mais forte com os fortes do que com os fracos e, principalmente, de genuinidade e coerência entre as palavras e os atos”, apontou.
Para Rui Rio, estas mudanças ajudarão “à credibilização da vida pública e ao renascer da esperança” trazido pelo 25 de Abril, “que o tempo e os homens têm deixado enfraquecer”.
O líder do PSD observou ainda que ao fim de 48 anos de democracia, o “descrédito e o descontentamento popular que lhe está associado, foram-se transformando nos principais suportes de novas forças extremistas, que, com a sua tradicional demagogia, procuram saciar os impulsos emotivos de quem está mais fragilizado”. Como tal, assinalou o Presidente do PSD, “a solução para travar o crescimento dos extremismos não são absurdos ‘cordões sanitários’, nem é a desqualificação do voto de quem neles aposta. A solução está em nós próprios. A solução está em enfrentar a realidade sem cobardia nem hipocrisia. Está em reformar, ou diria melhor, em romper com o que há muito está enquistado e ao serviço de interesses setoriais ou de grupo. Romper com tudo aquilo que não funciona de acordo com a lógica do interesse coletivo, mas sim em função do setor ou da corporação a quem o imobilismo aproveita. É este o primeiro motivo que estrangula o desenvolvimento do nosso País e alimenta o desencanto que hoje existe”.
Reforço de verbas para as Forças Armadas
Em declarações aos jornalistas no Parlamento, Rui Rio elogiou o apelo do Presidente da República, sobre o reforço de verbas para a Defesa na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2022. “O senhor Presidente optou for fazer um discurso sobre as Forças Armadas que eu penso que é adequado, por força da situação política mundial e europeia que estamos a viver. Há muitos anos se pede reforço das verbas para a defesa”, afirmou.
Rui Rio assinalou que, numa coincidência rara, o 25 de Abril coincide este ano com a discussão do Orçamento do Estado, documento que considerou “seguramente insuficiente para a defesa nacional”, e, por isso, estranha os aplausos do PS. “Estou curioso o que significa o facto de o PS ter aplaudido o Presidente da República, ter aplaudido de pé, com entusiasmo, um discurso que reclama um reforço das verbas para as Forças Armadas”, referiu.
O Presidente do PSD declarou que irá aguardar que reflexos terá a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa, nomeadamente ao nível de propostas que o PS irá “apoiar a propor” em sede de especialidade no reforço das verbas para a Defesa.