Notícias relacionadas
Luís Montenegro acusa o Governo de “grande insensibilidade social” e “imoralidade” por estar “a ganhar muito dinheiro com a crise inflacionista”, e a penalizar a vida dos portugueses, particularmente das famílias com rendimentos mais baixos.
Em entrevista à CNN, esta terça-feira, o líder do PSD diz que “o Governo está a arrecadar três vezes mais do que aquilo que era espectável de impostos”.
Luís Montenegro defende que o Governo deve devolver às famílias mais expostas à crise dos preços o excedente orçamental na arrecadação de impostos, o que corresponde entre 3.500 e 7.000 milhões de euros. “A grande responsabilidade do Estado é aproveitar este excedente e fazer, no fundo, o retorno à sociedade para ajudar aqueles que mais precisam”, apontou.
Em vez de o Executivo ignorar as famílias mais vulneráveis, atribuindo 60 euros, em duas prestações, a “1 milhão e 70 mil agregados familiares”, com um custo para o Estado na ordem dos 64,2 milhões de euros, Luís Montenegro preconiza, em concreto, um apoio de, pelo menos 60 euros por mês, até final do ano às famílias mais expostas aos preços, uma medida que teria um custo de “cerca 500 milhões de euros”.
“O Primeiro-Ministro, além de não estar a utilizar este excedente orçamental, e de estar a ter uma conduta social e politicamente imoral (…) ainda vende a ilusão aos pensionistas de que para o ano é que vai ser, porque vão ter um aumento significativo das pensões, mas que decorre da lei”, criticou.
Luís Montenegro acusa o Primeiro-Ministro de andar “a brincar com a governação” e assegura que o PSD “não vai dar descanso” ao Governo.
O Presidente do PSD critica o Governo por procurar desresponsabilizar-se na calamidade dos incêndios e na decisão sobre o aeroporto de Lisboa. “Tenho dificuldade em ouvir um Primeiro-Ministro que está constantemente a culpar os outros”, apontou.
Luís Montenegro lembra que o PSD não foi “mandatado para governar”, mas “para escrutinar o Governo”, por isso, não dará tréguas a um Primeiro-ministro que recorre a “manobras de distração”, como o Conselho de Ministros extraordinário realizado “à pressa” na terça-feira à noite. “Até parece que ia acontecer qualquer coisa de muito relevante e afinal eram duas medidas que podiam ser tomadas na reunião semanal de quinta-feira, só porque amanhã [quarta-feira] há debate do Estado da Nação e era preciso marcar a agenda”, assinalou.
Sobre a solução aeroportuária para a região de Lisboa, Luís Montenegro reiterou que irá transmitir em primeira mão ao Governo a posição do PSD.
Em matéria de incêndios, Luís Montenegro recordou que foi com um Executivo do PS liderado pelo mesmo Primeiro-Ministro que Portugal registou “o maior episódio em termos de perda de vidas humanas em 2017”. “Esta marca está no percurso destes sete anos e devia ter sido um ponto de viragem na prevenção, na política florestal”, disse.
Para o Presidente do PSD, outra matéria em que o Governo age com ligeireza é na descentralização. “Havia alguma pressa para ir subscrever o acordo da Associação Nacional de Municípios com o Governo, quando se anda há três anos a tentar alcançar esse acordo mínimo? O senhor Primeiro-Ministro anda a brincar com a governação”, destacou Luís Montenegro, aludindo às contradições, desautorizações e trapalhadas registadas entre António Costa e o ministro das Infraestruturas quanto ao futuro aeroporto.
Luís Montenegro frisou que “está focado em dar uma alternativa política ao país, que possa ser geradora de uma maior capacidade de criar riqueza, com mais oportunidades para os cidadãos, mais empregos, e para termos prestações sociais para quem mais precisa”.