Rui Rio: venda do Novo Banco é “um completo desastre”

12 de maio de 2021
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No debate com o Governo sobre política geral, esta quarta-feira, Rui Rio criticou o Executivo por não defender com firmeza o dinheiro dos contribuintes no Novo Banco. “Perguntei se o Governo verifica se a fatura é correta. Suspeitávamos que não. Agora com a auditoria do Tribunal de Contas sabemos que o Governo não verifica nada. Perante uma nova fatura vai verificar ou vai pagar?”, interrogou.

Rui Rio considera que a alienação do Novo Banco foi “um completo desastre” e “mais valia” que o Novo Banco tivesse ficado “na posse do Estado”, dado que não existiria “vendas ao desbarato” e “na privatização a fazer agora, o lucro vinha todo para aqui [erário público]”. “Qual é o papel da Lone Star? Vender menos-valias, receber o dinheiro dos contribuintes, e agora vai vender o banco e o lucro fica todo para o acionista”, apontou.

Rui Rio lembra que cada português já contribuiu, em média, com 800 euros para o Novo Banco, mais de oito mil milhões de euros desde o colapso do BES em 2014. “Este dinheiro dava para construir um hospital central em cada distrito ou para um centro de saúde em cada freguesia”, afirmou.

Rui Rio considera, em rigor, que os custos para o Estado serão bem superiores aos oito mil milhões de euros. “10,8 mil milhões de euros é mais de 80% do que o Estado recebe do IRS anualmente. É muito mais do que o Estado recebe de IRC”, comparou.

O Presidente do PSD calcula, assim, que serão injetados mais dois mil milhões de euros na instituição, antevendo que a Lone Star vá vender o Novo Banco e ficar com o lucro, além de premiar o conselho de administração com bónus já previstos no último relatório e contas. “Está capaz de dizer que a venda do Novo Banco não é um completo desastre para Portugal?”, insistiu.
 

“O Governo está a perder o discernimento”
O negócio das barragens que a EDP vendeu à Engie motivou a segunda crítica de Rui Rio, que censurou a abertura de um inquérito pelo Ministério das Finanças a um funcionário da Autoridade Tributária por ser membro do movimento da região transmontana e defender os interesses das populações nessa operação nebulosa. “É uma perseguição e um regresso ao jeito do Estado Novo. Isto é inadmissível, isto é pidesco, levantar um processo de inquérito a uma pessoa que está numa associação cívica. Foi um documento preventivo a alertar para o que ia acontecer”, classifica Rui Rio.

O Presidente do PSD sublinha ainda que “o Governo está a perder discernimento”, quando o ministro da Administração Interna ordenou a invasão da propriedade privada com um dispositivo policial a meio da noite (em Odemira) e, pelo contrário, nada fez “para controlar os festejos no Sporting” e manter a serenidade e respeitar as determinações das autoridades de Saúde no contexto de pandemia sanitária.